quinta-feira, 17 de março de 2016

Notes to Breath #5

"If they must go,
then let them leave,
for they cannot take back,
the love they never gave you.
The one you deserve,
but never recieved."
-r. m. drake 

"Não te atires muito (...)"

As gotas de água escorregavam uma a uma, e dentro de mim, estremeciam.
Talvez porque o frio tivesse abrangido a minha mente ou talvez porque o calor se tivesse apoderado do meu coração. É que tal como o tempo, eu estou uma confusão.
Aperto o casaco contra mim e caminho até a sala quando alguém bate no vidro e me chama. Estive com o Tiago durante a manhã, sentados na beira da janela a conversar. 
Como toda a gente sabe esta semana é a semana das auto-avaliações, a semana dos filmes nas aulas, a semana da entrega dos testes dos professores mais atrasados, a última semana de aulas.
Não tivemos uma aula então fomos lá para fora e por sorte ou por azar, a turma do Hugo e do Tiago não estavam a ter aulas também. Sentei-me com a Isabel frente ao campo de futebol e o Hugo aproximou-se e meteu conversa. Consegui ver que o hilariante humor do Hugo permanece junto dele, ao contrário de mim.
-Oh Hugo, não te atires muito que a Eva agora é minha. - Gritou o Tiago, na tentativa de um remate.
-Ouviste? Agora és dele. - Respondeu o Hugo, virado para mim.
Acabaram de se confrontar sem sequer lhes ter passado essa ideia pela cabeça, pensei eu.
Não me arrependo de me ter afastado do Hugo, aliás, acho que voltou com a ex namorada mas acho que me vou arrepender de estar tão próxima do Tiago porque o Tiago é muito cobiçado e é capaz de cobiçar um bocadinho a mais do que deve. Além disso é muito brincalhão e não sei quando está a falar a sério.
Existem muitas entraves entre nós, no entanto, quando o Tiago me coloca o braço no pescoço e me sussurra "Queres ser a minha namorada?" ou quando me apresenta aos amigos como namorada, eu sei que ele fala um bocadinho a sério. Agora, quando vai ter coragem de falar disso comigo já não sei mas o tempo me dirá.


quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Do lado de lá...

Estou com pouca inspiração para conseguir escrever e não estou com cabeça para pensar. Se já sou confusa para quê me confundir mais?
Porque é que num dia me abraças do nada e no outro passas por mim sem dizer nada?
Não queria estar a dizer isto pela milésima vez porque acho que repetir "Esqueci o Hugo" só parece que não o esqueci por isso, enquanto vão lendo estes textos inexperientes e sem sentido ou um tema concreto vão percebendo o papel do Hugo na minha vida.
Gostava tanto de, ás vezes, poder desligar os meus sentimentos, não de todo, mas por alguém. Seria muito mais prático e não seria tão doloroso mas depois o mundo provavelmente tornar-se-ia ainda mais violento.
Amanhã, vou estar uma hora e meia na escola sem fazer nada, com este frio não me vai saber nada bem, vou ver se levo o meu sketch book para desenhar enquanto espero que os ponteiros andem. Gostava tanto de amanhã chegar a casa com grandes notícias para contar, com o coração aos pulos e com os olhinhos brilhantes mas tenho a certeza que não vai passar de:

-Então filha, como correu a escola? 
-Normal.
-Não receberam nenhum teste?
-Não, nenhum. O que é o almoço? 
[...]

Vou parar de falar sobre mim e aproveito para falar um pouco sobre a Isabel, vai fazer amanhã duas semanas que a Isabel conheceu um rapaz, um Luís, muito intelectual, mais ou menos alto e magro, com uma voz grossa e que sorri sempre de uma forma melancólica, apesar de ser um bom rapaz.
A Isabel, nos primeiros dias, como já disse, talvez por nunca ter estado tão próxima de um rapaz, entregava-se de corpo e alma ao Luís mas ele estava ainda de pé atrás.
Imaginem, era como se existisse um pano entre os dois e a Isabel só conseguisse ver as qualidades do Luís mas, com o tempo, o rapaz foi conhecendo a Isabel e aproximou-se dela, demasiado até, queria estar sempre com ela, todos os intervalos, todos os minutos, estava sempre a mandar-lhe mensagens e foi aí que ele passou para o lado de cá do pano e que a Isabel começou a ver não só as suas qualidades mas todos os seus defeitos e quem regrediu um ou dois passos desta vez, foi ela.
Estas comparações estúpidas para mostrar que nestas idades, toda a gente está apaixonada mas depois existe o destino e não sou a única que o está a enfrentar.
Nos últimos dias a Isabel tem sido um bocadinho rude para o rapaz, já falei com ela mas acho que ela ainda está muito vidrada no Pedro, talvez porque o pano dele ainda não caiu.



sábado, 20 de fevereiro de 2016

Um pesadelo quase Duradouro

É uma das coisas que mais me custa, ver atos de violência.
Nos últimos dias, na escola, um rapaz têm andado com problemas. Existe um grupo de rapazes que o andam a perseguir e já passou de críticas e meros empurrões.
Muitos jovens se suicidam por casos de bullying e nunca tinha encarado a situação de forma a conseguisse perceber porquê tomar tal decisão. Sempre pensei que se alguém quer brincar com o nosso psicológico devemos fazer exatamente o contrário, mostrar que não nos afeta e seguir em frente. Diz-se a esta atitude uma verdadeira "chapada de luva branca", no entanto, há uns dias para cá tenho vindo a perceber que não é assim tão simples e que muitas vezes, esses indivíduos são tão maldosos que nem com tal chapada param de nos julgar e tornar o nosso dia num pesadelo. Agora imaginem, todos os dias serem um pesadelo para vocês.
O rapaz está sempre a chorar e vai tendo umas pisaduras aqui e acolá, e agora entendo, os principais culpados para além dos bullys são os professores que, depois de saberem destas situações simplesmente se limitam a: "O que você fez para eles se revoltarem?" é mesmo muito triste terem de ser os próprios alunos a ajudar o envolvido em vez de um adulto se encarregar de uma tarefa que está ao seu alcance, por completo, e que pode mudar a vida de alguém. É triste...
Agora, pensem se o rapaz não tivesse amigos que o ajudassem, quando fosse ter com o professor e ouvisse uma resposta daquelas teria logo desistido... E daí vêm os suicídios, parte deles.
Felizmente conseguimos avisar outro professor que agiu corretamente e a tempo.
Acabou o pesadelo, suspiro.


sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Já segui, digo.

Quando o teu braço quente me aconchega o pescoço e me aperta, sem doer, talvez um medo miudinho passa pelo meu estômago para se dirigir para o coração, mas é algo leve. Quando te baixas e me olhas nos olhos por seres mais alto e depois, sorris e tudo acalma.

É verdade, está quase a chegar o dia de São Valentim.
O normal estado de espírito de uma adolescente atrapalhada seria esperar até domingo ou já estar a preparar cartinhas e postais para entregar na segunda ao seu mais-que-tudo. Como prometi não ser uma adolescente atrapalhada, estou a tentar ser o mais racional possível, a tentar separar o bom de uma ilusão do bom que realmente aconteceu e o mau da minha mente do mau que me podia ter escorregado pelos dedos, mas que não escorregou.
Estou muito anciosa por segunda-feira porque as últimas palavras que o Tiago me disse foram:
-Segunda tenho de te mostrar uma coisa. - Disse com a chuva a escorregar-lhe pelo carapuço.
-O quê?
-Segunda vês.
Estou-me a matar de curiosidade para saber o que será.
Como não podia faltar falar do outro assunto, queria finalmente declarar que estou-me a tentar abstrair do Hugo e também sei que visto de um ponto exterior a minha vida parece simplesmente um conto de fadas e que eu não passo de uma personagem perdida algures. Quero deixar claro que sou madura e que se estou confusa é porque tenho mesmo razões para tal. Talvez não compreendam.
Como se diz "Só quem sente é que percebe". De qualquer das formas, distanciei-me do Hugo por completo e acho que já atravessei a terrível fase de negação. Vou seguir em frente. Já segui.



quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Sinto algo muito Parvo por vocês...

Enquanto o amor, vai, vem e não é constante, o blog está sempre cá para mim. 
Um turbilhão de emoções têm-se apoderado desta semana e eu nem consigo dar por mim a ser levada por ele e não sei porque é que quando me perguntam por ti, eu ainda sorrio. 
Não há forma de explicar, nem por palavras, que são a melhor forma de comunicar, o que eu tenho vindo a sentir... Uma tristeza excitante e uma animação inconstante a serem bombardeadas por um coração. 
Tu, Tiago, és tão parvo. Parvo por seres querido e parvo por seres engraçado, por seres mais velho e ainda pareceres uma criança, parvo por me tratares como uma amiga e parvo por ás vezes, sem te aperceberes seres insensível. Parvo por me confundires constantemente. Parvo por me colocares o teu braço no meu pescoço, parvo por me mexeres no cabelo, parvo por teres esse sorriso. 
E tu Hugo, és parvo por seres moreno, teres uns olhos escuros e seres amável, parvo por me teres deixado esquecer-te. Tu és parvo por teres deixado o Tiago entrar na minha vida. 
E chamem-me parva, atirem-me pedras, julguem-me, critiquem-me por estar confusa mas eu sinto algo muito parvo por vocês. 

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Intenções não Humanas

Recordo-me de estar em cima da cadeira, com um cacho de uvas na mão e a fazer a contagem decrescente, no zero, pousei o pé direito no chão e de seguida o esquerdo. Mas até agora, o azar tem-se apoderado da minha vida. Por inteiro.
Os Hugos têm constantemente aparecido na minha vida e quando eu não estou à espera, aparece mais um e um e um. A principal função de um suposto 'Hugo' é falar contigo, ser querido, preencher as tuas expectativas e envolver-te numa espécie de casulo que, só com o passar de muito tempo, te dá liberdade. Quando dás por ti estás tão envolvida que não consegues sair de nenhuma forma, a não ser a espera. 
Desde pequena fui criando laços bastante fortes com as pessoas, eu afeiçoo-me muito ao ser humano, mesmo quando as suas intenções não são humanas, de tal forma que, com alguma desilusão, pequena que seja, fico muito sentida mas há umas semanas para cá as desilusões não tem sido pequenas.
Espero que isto não soe tão mal como soou na minha mente. Porque aqui dentro de mim, pareceu-me que sou uma abelha a pousar de flor em flor.
Eu conheci o Tiago antes do Hugo. Eu sempre gostei de morenos, é regra, mas o Tiago foi exceção. Tiago era loiro e era rapaz a quem eu chamaria ken se não fosse a face máscula, os ombros largos, os braços fortes e as suas mãos grandes que formavam um perfeito contraste.
A minha melhor amiga sabia de tudo e eu e o Tiago tínhamos uma relação quase perfeita. Estávamos muito próximos, nenhum de nós queria nada sério mas precisávamos um do outro, nenhum de nós queria namorar, mas precisávamos de estar juntos, nenhum de nós queria ouvir ninguém mas precisávamos de nos ouvir um ao outro.
O Tiago, dava-me a mão, colocava o braço em volta do meu pescoço, mexia-me no cabelo, colocava os meus gorros depois de os arrancar da minha cabeça, o Tiago metia-se comigo e fitava-me enquanto sorria, chamava por mim com uma voz segura, tirava-me muitas fotografias e dizia-me que as ia guardar apenas por guardar. Depois do Hugo, o Tiago foi a melhor coisa que me aconteceu mas foi também, a pior.